Lourenço, claro, é uma daquelas pessoas que quando morre, vai para o inferno. E não é que a previsão dá certo? Em um simbolismo mais ou menos óbvio, ele busca em agonia pelo ralo que, como o próprio personagem afirmou durante o filme, é um portal para o andar de baixo. Merecidamente, todos pensarão, Lourenço foi para o inferno e assim termina um ótimo filme de pessoas que vão para o inferno. Uma categoria à parte.
Trinta estudantes de semiótica estão, nesse momento, tentanto inferir significantes e significados ao fato de Selton Mello/Lourenço andar curvado. Uma alegoria performática simples, que eu identifico apenas como má-postura. Lourenço é um cara bem vazio e raso, e isso não é um defeito da personagem. Ele tem a profundidade de sua caixinha de dinheiro: é o que pode comprar.
Em “O Cheiro do Ralo” são as coisas que fazem estrela. Uma bunda e um ralo, basicamente. A bunda ele deseja mas não pode comprar, e o ralo malcheiroso ele não quer consertar. Para os convites na gráfica ele não liga mais, mas ama seu pai: um olho de vidro e uma perna mecânica. Respectivamente, as contrapartes do fantástico mundo dos conceitos: necessidade, lado negro da Força, casamento e história que não existe.
Quando termina, deixa todos pensativos. Como seriam as citações de grandes veículos de imprensa estampadas na caixa do DVD?
“O Cheiro do Ralo é ótimo”.
E a vida é dura.
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