18 junho, 2007

Operando por instrumentos

Informações sobre aeroportos são quase sempre muito vagas. “Ficou fechado por duas horas, devido ao forte nevoeiro”. FECHADO? Ninguém entra e ninguém sai? E se eu quiser usar o banheiro? Algum free shop? Ah, tem nevoeiro dentro do saguão? NÃO? E por aí vai, com os âncoras dos telejornais tomados pela ânsia em confundir passageiros.

Mas o pior de tudo são os tais instrumentos. Quando um aeroporto qualquer passa por alguma situação complicada, sempre algum outro por perto fica na defensiva e passa a operar por instrumentos. “Guarulhos está FECHADO? Galera, peguem seus instrumentos, porque o bicho vai pegar aqui em Congonhas”.

Caro amigo de Congonhas, que raio de instrumentos são esses?

O autor da frase não quis se identificar, mas deu uma entrevista exclusiva, inédita e fake, na qual explica com minúcias o esquema dos aeroportos. Cada funcionário de um aeroporto possui um instrumento, que varia de acordo com sua habilidade e poder econômico, já que os custos não são cobertos pela Infraero. F.G., 44 anos e 20 de serviço em Congonhas, tem uma Fender que maneja com maestria. “Em dia de muito nevoeiro, só não pode tocar Jimi Hendrix porque o comandante não curte rock desse tipo”. Ele refere-se ao Comandante K., que exibe orgulhoso seu sintetizador, dentro de sua sala de comando. “Daqui só sai progressivo”, conta.

A entrevista fake foi subitamente interrompida por um alerta de chuva forte, os ânimos se exaltaram e dois passageiros da Gol escorregaram no piso do saguão de Congonhas (reconhecidamente o mais limpo do Brasil). Mas logo tudo ficou calmo quando chegaram os funcionários com seus instrumentos em punho, fazendo rodinha e tocando “More Than Words”, devidamente registrada por algum passageiro desocupado:

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